PALESTRA LEONARDO BOFF
Douglas Lima Daniel
Caros
Leitores,
Tive
a oportunidade de assistir, no dia 12/09/2012, a Conferência de Abertura do
Congresso Internacional de Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, promovido
pela Escola Superior Dom Helder Câmara, em que o Professor Leonardo Boff,
Teólogo, Filósofo e Escritor, discutiu sobre os temas Ecologia,
Sustentabilidade e Cultura.
Leonardo
Boff começa abordando os perigos que ameaçam a vida e podem levar à extinção da
raça humana. Um deles é o descaso dos Chefes de Estado com a questão ambiental
ao não tomarem providências, protelando para o ano de 2015.
Boff
afirma que a os temas estão interligados e que a sustentabilidade está ligada à
vida e à Terra. Diz, ainda, que o maior desafio hoje é garantir a
sustentabilidade da Terra. Do ponto de vista de Boff, entendo que os nossos
problemas, digo nosso, pois a Sociedade é parte deste processo, não são mais regionais,
vivemos um momento em que os problemas são globais.
É sabido
que os seres humanos necessitam do planeta para sobreviver. Contudo, o
contrário não é verdadeiro. Boff resalta que a questão é salvar a vida e não a
Terra, sendo o homem o causador do caos, o centro da destruição planetária –
Antropocêntrico. Somos mais do que responsáveis pela reversão deste quadro,
somos responsáveis pelo planeta em que vivemos – Terra – “Gaia”, como diz Boff.
Boff
lembra que a Terra, Gaia, é um super organismo vivo e que o homem e a Terra
devem viver como uma única unidade, celebrando um Contrato Natural, de
convivência e respeito, em que o homem pode fazer de tudo com a Terra, mas com
Gaia, a Mãe Terra, deve haver amor, visto que todos os seres merecem coexistir.
Dados
estes fatos, Boff pensa que o Direito deve ser visto de forma ampla, com
interdependência, com sustentabilidade. O Direito deve ter energia suficiente
para enfrentar os desafios que reproduzam as necessidades de todos os seres
vivos.
Nos
dias de hoje é certo que quase nada é sustentável e a Terra está num processo de
degeneração, em que, a cada ano de exploração humana da Terra, esta gasta uma
ano e meio para se recuperar. Boff alerta que é necessário ter cuidado,
solidariedade e cooperação, atos construtivos e não destrutivos, para que aja
sustentabilidade.
Leonardo
Boff finaliza refletindo sobre o fato de que não devemos nos prender à
Natureza, mas à criação. Devemos entender que somos falhos, e quando nos
referimos à questão ecológica, temos um analfabetismo, e não entendemos que
somos partes de um todo, e como tal, temos que criar condições e formar
cidadãos conscientes do dever de perpetuar as ideias sustentáveis.
Em
uma entrevista à TV Dom Total, parte integrante da Revista Eletrônica Dom
Total, sobre a palestra de abertura do referido Congresso, Boff metaforiza dizendo
que “[...] o velho está agonizando e não acaba de morrer e o novo está nascendo,
mas também não acaba de nascer...” e “[...] os velhos deuses continuam e os
novos são fracos demais para se impor [...]”. Entendo que a complexa situação
em que vivemos hoje, em relação à degradação ambiental e humana, e as
tentativas de reverter este quadro, encontram barreiras de continuidade e de
implantação nas políticas econômicas e protecionistas. Enquanto não avançarmos
para uma visão global, em que uma liderança sustentável consiga se impor,
veremos a cada dia a redução dos recursos naturais e o aumento da pobreza
humana. Cabe aqui, menção à necessidade da ação do Estado para garantir a
assistência social, e, mais que isso, garantir que esta assistência tenha papel
sustentável, ou seja, que não se esqueça de que a falta da sustentabilidade é
um dos elementos causadores da degradação humana.
Entendo,
ainda, que devemos criar condições para que a vida se mantenha viva, para que
possamos garantir assistência às gerações futuras. E está na Assistência Social
o primeiro passo para estabelecermos condições mínimas de subsistência,
principalmente àqueles que sabidamente, não se sustentam por si. Concordo com Leonardo
Boff, principalmente, ao se referir ao descaso dos Chefes de Estado, usando a
sustentabilidade como estratégia de apoio ou de marketing da imagem. Enquanto
não houver cooperação entre os líderes mundiais, ou seja, enquanto o
individualismo perdurar, caminharemos para um “cheque
vital”. E, neste momento, como reflete a história, lutaremos juntos para
sobreviver. Contudo, podemos evitar este cenário sem danos maiores à Natureza e
à Sociedade, visto que, mesmo que vençamos o “cheque vital” as consequências
serão devastadoras.
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