HISTÓRIA DA ASSISTÊNCIA
SOCIAL NO BRASIL
Ricardo Duarte Jr.
Caros
Leitores,
Antes
de falarmos sobre Assistência Social, faz-se necessário entendermos quando e
por que esse serviço foi criado no Brasil. Na década de 30, o Distrito Federal,
localizado na época na cidade do Rio de Janeiro, devido ao êxodo rural viu sua
população tornar-se numerosa, pois em razão da desestruturação da agricultura,
aqueles que viviam no campo se viram obrigados a rumar para a cidade por causa
da carência de emprego.
Ainda
na década de 30, a economia brasileira passava por uma transição de
agrário-exportadora para industrial, o que demandou muita mão de obra, fazendo
com que a migração fosse inevitável, haja vista a escassez de emprego no campo.
Era necessário ainda manter disciplinada a massa operária que chegava ao
Distrito Federal e para isso o Estado lançou mão de estratégias institucionais
e ideológicas, sendo o Serviço Social e o Assistente Social de fundamental
importância nesse processo disciplinador.
O
Serviço Social tem sua origem num amplo movimento social da Igreja Católica,
cujo objetivo era recristianizar a sociedade. Aliado à necessidade de controlar
a massa operária, o Estado passa então a absorver parte das reivindicações
populares e reconhece assim a cidadania social, através de legislação social e
salarial. No entanto, essa atitude visava atrelar as classes subalternas ao
Estado, facilitando a sua manipulação e dominação. O Serviço social passa a ser
parte importante no processo de controle social e na difusão da ideologia da
classe dominante entre a classe trabalhadora.
Durante
o Estado Novo, são criadas então as instituições de Assistência Social no
Brasil. Em 1938 é criado o Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), que
tinha por objetivo centralizar e organizar as obras assistenciais públicas e
privadas, todavia passa a ser utilizado como ferramenta de clientelismo
político e manipulação de verbas públicas. Em 1942 é criada a Legião Brasileira
de Assistência (LBA), tendo como missão o provimento das necessidades das
famílias cujos chefes haviam sido mobilizados para a segundo Guerra Mundial. O
comando dessas instituições ficava a cargo das Primeiras Damas.
A
partir de 1946 a 1964 temos o surgimento de instituições como a Fundação Leão
XIII, que é criada em 1946, com o objetivo de atuar especificamente junto aos
moradores de favelas, concentrados nos grandes centros urbanos e do Serviço
Social da Indústria (SESI), criado no mesmo ano para prover políticas sociais
voltadas para os trabalhadores. Após a modernização do aparelho estatal,
promovida pelo Presidente Juscelino Kubitschek, as instituições de assistência
social assumem caráter claramente assistencialista.
Com
a mudança do regime político em 1964, os recursos para as instituições são
reduzidos sob o pretexto de “deixar o bolo crescer para depois repartir”, numa
referência ao crescimento econômico da época, entretanto a classe trabalhadora
sofria com o empobrecimento crescente. Na década de 70 as instituições passam
por mudanças devido a influencia da política desenvolvimentista, exercendo
ainda mais controle sobre a sociedade. A LBA se fortalece e realiza concurso
público, inclusive para a área de Serviço Social.
Na década de 80, com
o fracasso do milagre econômico há o crescimento a níveis expressivos de miséria
absoluta, altos índices de mortalidade infantil e desnutrição e por este motivo
são inseridos nas instituições diversos programas que buscam atender as
exigências dessa população cada vez mais dependente de benefícios.
Com
o advento da Constituição Federal de 1988, temos o reconhecimento da Assistência
Social como política de Seguridade Social, passando assim a ser um direito do
cidadão e não um favor, no entanto só em 1993 foram regulamentados os artigos
pertinentes as instituições de assistência, o que caracteriza um descaso do
poder publico com a assistência, haja vista que agora tais instituições
deixaram de ter as relações históricas com o clientelismo.
Ainda
na década de 90, durante o governo de Fernando Collor de Melo, a LBA entra em
decadência e é extinta. Em 1995, o então presidente Fernando Henrique Cardoso extingue
a LBA por decreto, não sendo esta substituída por nenhuma outra instituição. É
criado então o Ministério da Previdência e Assistência Social, ligado a
Secretaria Nacional de Assistência Social. Ainda em 1995 ocorre em Brasília a
1ª Conferência Nacional de Assistência Social, com grande participação social,
fazendo com que a Política de Assistência comece a ser vista como Direito e não
como favor.
Em
1996 a LOAS (Lei Orgânica de Assistência) começa a ser implantada a partir da
concessão de benefícios para diferentes seguimentos como os idosos, portadores
de deficiência, criança e adolescentes. Também foi implementado processo de
descentralização, passando as ações para a responsabilidade de estados e
municípios. A proposta de descentralização foi concebida como um método de
implementação da ideologia de eficácia e eficiência, em que as três esferas de
governo receberam funções bem definidas, contudo sem recursos suficientes para
as necessidades.
Em
agosto de 2005 o Ministério do Desenvolvimento Social unificou todas as ações e
programas sociais que se encontravam dispersos por vários ministérios e aprovou
a Política Nacional de Assistência Social e a Norma Operacional Básica, que
foram fundamentais para os avanços conquistados pela Assistência Social nos
últimos anos, dentre esses avanços destaca-se os Pisos de Proteção para o financiamento
da Assistência Social no país.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
<<http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0511670_07_cap_03.pdf>>
Acesso em 08/09/2012
<<http://www.previdencia.gov.br/>>
Acesso em 08/09/2012
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